Imagine a seguinte cena: uma escola cheia de crianças correndo pelos corredores, salas cheias de livros, quadros brancos com fórmulas e frases inspiradoras. Tudo parece em ordem, até que um curto-circuito em um ventilador dá início a um princípio de incêndio. Nesse momento, o que salva o dia não é a sorte, e sim a presença de um extintor adequado, carregado e pronto para uso.
Manter um ambiente educacional seguro é mais do que uma obrigação legal. É uma questão de responsabilidade e respeito à vida de alunos, professores e demais profissionais que frequentam o espaço todos os dias. Nesse cenário, os extintores ganham protagonismo.
Por que escolas e universidades precisam de extintores?
As instituições de ensino abrigam um grande número de pessoas, em sua maioria crianças e adolescentes, o que exige cuidados redobrados com a prevenção de acidentes. Além disso, diversos equipamentos elétricos, materiais de papelaria, produtos químicos em laboratórios e até refeitórios aumentam os riscos de incêndio.
Ter extintores de incêndio em escolas não é apenas uma medida recomendada. É obrigatória segundo o Corpo de Bombeiros e a legislação brasileira, como a NR-23 (Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho) e as NBRs da ABNT, especialmente a NBR 12693.
Tipos de extintores mais usados em ambientes educacionais
Cada tipo de extintor serve para combater um tipo específico de fogo. Em ambientes educacionais, é fundamental ter os modelos certos, posicionados estrategicamente.
Extintor de água pressurizada
Ideal para incêndios de classe A (materiais sólidos como papel, madeira e tecido). Muito comum em salas de aula, bibliotecas e áreas administrativas.
Extintor de pó químico seco (PQS)
É um dos mais versáteis. Apaga incêndios de classe B (líquidos inflamáveis) e classe C (equipamentos elétricos). Por isso, é muito usado em laboratórios e salas com computadores.
Extintor de CO2 (dióxido de carbono)
Recomendado para incêndios de classe C. Como não deixa resíduos, é ideal para áreas com equipamentos eletrônicos sensíveis, como laboratórios de informática e centrais de controle.
Locais estratégicos para instalação de extintores em escolas
A eficácia de um extintor depende não só da sua carga, mas também de estar visível e acessível. Locais mais indicados para instalação:
- Corredores de acesso principal
- Próximo a laboratórios e salas de informática
- Próximo a cozinhas e refeitórios
- Áreas administrativas
- Entradas e saídas de emergência
Além disso, os extintores devem estar em suportes a uma altura adequada (em média 1,60 m do chão ao topo) e com sinalização clara.
Manutenção: qual a frequência ideal?
Não adianta ter o equipamento certo se ele não estiver em condições de uso. A manutenção preventiva é tão importante quanto a escolha do extintor.
Frequência recomendada:
- Inspeção mensal visual: feita internamente pela escola. Verifica lacres, pressão, integridade do cilindro e sinalização.
- Manutenção semestral: feita por empresa especializada. Inclui testes de pressão e verificação do agente extintor.
- Manutenção anual obrigatória: conforme a NBR 12962. Todos os extintores devem passar por revisão geral e recarga, se necessário.
Consequências da negligência
Manter extintores vencidos, descarregados ou mal posicionados pode levar a:
- Multas aplicadas pelo Corpo de Bombeiros
- Interdição do estabelecimento
- Perda do alvará de funcionamento
- Aumento do risco à vida em caso de incêndio
- Processos judiciais em caso de acidentes
Dicas para garantir a segurança contra incêndios nas escolas
Além da manutenção dos extintores, outras medidas contribuem para a segurança dos alunos e funcionários:
- Treinar professores e funcionários para uso correto dos extintores
- Realizar simulações de evacuação a cada semestre
- Instalar alarmes e luzes de emergência
- Criar rotas de fuga bem sinalizadas
- Manter corredores e saídas sempre livres
Escolas privadas e públicas têm as mesmas exigências?
Sim. A legislação vale para todas. O que muda é o nível de investimento e fiscalização, que pode ser mais rígido em instituições particulares. Porém, todas devem obedecer às mesmas normas para garantir a segurança.
A importância de treinar os alunos
Mesmo com o foco maior em professores e funcionários, ensinar alunos — principalmente os do ensino médio e superior — a agir em caso de incêndio pode salvar vidas. Ações simples como não correr, seguir rotas de fuga e avisar os adultos ajudam no controle da situação.
Sinais de que o extintor está irregular
Durante a inspeção visual, fique atento a:
- Manômetro fora da faixa verde
- Sinais de ferrugem ou amassados
- Selo do Inmetro ausente ou violado
- Etiqueta de manutenção vencida
- Ausência de lacre ou pino de segurança
Caso algum desses sinais seja identificado, o extintor deve ser imediatamente substituído ou levado para manutenção por empresa credenciada.
Como escolher uma empresa para manutenção de extintores?
A escolha do prestador de serviço também é fundamental. Dê preferência para empresas:
- Com registro no Inmetro
- Que fornecem certificado de manutenção
- Que usam equipamentos calibrados
- Que tenham boas avaliações de outros clientes
Cuidado com preços muito baixos. Isso pode indicar serviços mal executados ou recargas feitas com produtos de baixa qualidade.
Normas obrigatórias que toda escola deve seguir
- NBR 12693: trata da sinalização, instalação e manutenção de extintores
- NBR 12962: trata da inspeção e manutenção dos equipamentos
- NR-23: norma do Ministério do Trabalho sobre prevenção e combate a incêndios
- Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico (estadual): pode variar por estado
Essas normas garantem que o ambiente escolar esteja preparado para emergências.
Quem fiscaliza?
A fiscalização é feita principalmente pelo Corpo de Bombeiros e pela Vigilância Sanitária. Também pode haver auditorias do Ministério da Educação e das secretarias estaduais e municipais.
Em casos de irregularidade, o local pode ser notificado e, em última instância, interditado.
Como envolver a comunidade escolar na prevenção?
A segurança contra incêndios não deve ser responsabilidade de uma única pessoa. Todos devem estar atentos e participar:
- Diretores devem garantir a manutenção e treinamentos
- Professores devem orientar os alunos e participar de simulações
- Funcionários da limpeza e manutenção devem ser treinados
- Pais devem ser informados sobre as medidas de segurança
O papel da tecnologia na segurança
Hoje, já existem aplicativos que alertam sobre a necessidade de manutenção dos extintores, detectores de fumaça inteligentes e centrais de alarme integradas com os bombeiros. Adotar soluções tecnológicas pode aumentar a eficácia da prevenção.
Cada escola pode adaptar essas ferramentas conforme sua realidade, mas o mais importante continua sendo a atenção constante e o compromisso com a vida.